Da resistência à “resiliência”
Elogio da “resiliência”, tão em voga hoje em dia, projeta acomodação com a opressão.
Ulrike Meinhof não costuma ser uma referência muito prestigiada. Afinal, ela foi uma das líderes do agrupamento terrorista alemão que leva seu nome – a Fração do Exército Vermelho, que ficou conhecida como “bando Baader-Meinhof”.
Mas, enquanto Andreas Baader era um sujeito de ação, ela era uma intelectual com certa sofisticação. É autora de um punhado de ensaios que ainda são lidos com interesse. Uma coletânea foi publicada em inglês com o título Everybody talks about the weather... we don’t (Seven Stories Press, 2008).
O terrorismo de esquerda dos anos 1970, nos países capitalistas desenvolvidos, nasceu de diversos fatores. Um dos principais foi o sentimento de que o sistema político era impermeável às reivindicações das pessoas comuns, que se alastrava entre jovens e trabalhadores.
Muitas vezes, esse sentimento se traduz em apatia e desinteresse. É o “modo normal” de funcionamento das democracias limitadas. Em momentos de ativação política crescente, porém, ele pode levar a outros resu…