Vou confessar para vocês: quando Greta Thunberg irrompeu na cena pública, eu não fui muito com a cara dela. Uma adolescente de 16 anos, articulada e corajosa, sim, mas com tudo para virar a face pública do ambientalismo acomodado, aquele que fala em “desenvolvimento sustentável” e, no fim das contas, passa pano pro capitalismo. Sabe aquele símbolo de uma revolta que se torna produto de consumo, que serve para a sociedade pensar que estamos fazendo alguma coisa e aplacar sua consciência? Pois é.
Daí ela entrou nos circuitos oficiais: reuniões das Nações Unidas, encontros com Barack Obama, discurso em Davos. Parecia que era isso mesmo. E que jovenzinha – ou jovenzinho – resistiria ao glamour de estar neste meio, com os grandes do mundo ouvindo ou fingindo ouvir o que você tem para dizer?
Cooptação pura.
O filósofo Paul Ricœur dizia que nós, homens e mulheres do século XX, herdamos de Marx, Nietzsche e Freud uma “hermenêutica da suspeita”, segundo a qual nenhum discurso pode ser aceito sem …