Trabalho: um mundo invisível
Nossa vida depende do esforço da classe trabalhadora, mas sua experiência está ausente dos diversos espaços de produção discursiva.
Um dos motivos da baixa qualidade do debate público no Brasil é a quase absoluta invisibilização da experiência vivida da classe trabalhadora.
Ela é a maioria esmagadora da população. Mas quase não está nos jornais, na TV, nos canais de sucesso do Youtube.
Não está na literatura, como mostraram as pesquisas de Regina Dalcastagnè sobre as personagens do romance contemporâneo.
Para onde quer que olhemos, só vemos ricos ou a classe média com profissões de nível superior.
A experiência dos trabalhadores se mostra invisível para eles mesmos.
No entanto, os confortos de que desfrutamos cotidianamente, sem sequer nos darmos conta, só existem graças a seu trabalho.
O trabalhador acorda talvez às cinco da manhã, todos os dias, para pegar dois, quem sabe três transportes lotados e precários e chegar na hora em seu emprego. Se for mulher, deve arrumar os filhos para irem à escola e ainda corre o risco de ser importunada sexualmente no trajeto.
No trabalho, o dia a dia é feito de ritmo exaustivo, ausênc…