A batalha da liberdade de expressão
Com uma mão, a direita empunha a bandeira da liberdade de expressão; com a outra, silencia quem discorda dela.
Donald Trump voltou à presidência abraçado aos comandantes das big techs, cujo mantra é, mais do que nunca, a liberdade de expressão irrestrita. Qualquer tentativa de controle contra a disseminação de mensagens inverídicas e maliciosas é apresentada como a violação do direito humano mais fundamental.
Não é algo desinteressado, obviamente. A liberdade de expressão é defendida como se fosse algo que está igualmente ao alcance de todos. Mas não está: o alcance de cada discurso é radicalmente diferente de acordo com os recursos de que se dispõe.
Se eu minto, posso prejudicar meia dúzia de pessoas à minha volta. Mas se essa mentira conta com o endosso de influenciadores, com o impulsionamento das plataformas, com dinheiro de publicidade, com um exército de bots, aí ela pode atingir milhares ou milhões de pessoas, mudar o resultado de eleições, comprometer todo o tecido social.
Criaram-se espaços que substituem os meios de comunicação tradicionais, mas que estão despidos dos mecanismos mínimos…