No Brasil, o povo preto tem um alvo no meio das costas, não só para a violência policial, mas para todo tipo de desumanização. Lembro que quando eu era criança, na periferia de Imperatriz, no Maranhão, minha mãe dava orientações em caso abordagem policial: não reaja, não corra, ponha as mãos na cabeça. Ela também dava dicas de como evitatá-las: não guarde nada volumoso nos bolsos, não use boné, não ande de moto, use relógio (ela imaginava que o relógio era algo como um marcador social que beneficiaria seus filhos). Nada funcionou. Quando nos tornamos adolescentes, inevitavelmente, as abordagens policiais começaram. Algumas truculentas, outras mais tranquilas. Obrigado pelo texto, Luís Felipe.
Esse seu texto, Luis Felipe, é para a gente guardar, imprimir e sair levando para os lugares públicos onde possamos lê-lo em voz alta. Obrigada por dar coluna vertebral para a discussão sobre as pms no Brasil, um fosso, um abismo, uma tragédia.
A polícia mata porque ela também vive em um constante regime de terror e insegurança. Nas periferias brasileiras, onde moram a grande parte dos policiais, dia sim, dia não, um policial é assassinado pelos "grupos que dominam as favelas", porque se o senhor não sabe, vou lhe dizer, as periferias do Brasil estão completamente dominadas pelo crime. E neste caso triste, pelo que deu pra ver na tv, não se tratou de "seletividade racial" ou "punitivismo", era um policial com medo, também morador de periferia. Ou seja, não dá pra colocar na conta do discurso racialista fácil o que acontece no Brasil. O crime hoje anda com muito poder e muito dinheiro pra matar quem eles quiserem e os primeiros alvos são policiais. O que fazer? Acabar com a polícia e entregar o povo nas mãos dos bandidos pra eles decidirem a justiça e a segurança pública como eles apregoam e fazem ao modo deles? A teoria racial é muito fraca pra responder o problema da segurança pública no Brasil.
No Brasil, o povo preto tem um alvo no meio das costas, não só para a violência policial, mas para todo tipo de desumanização. Lembro que quando eu era criança, na periferia de Imperatriz, no Maranhão, minha mãe dava orientações em caso abordagem policial: não reaja, não corra, ponha as mãos na cabeça. Ela também dava dicas de como evitatá-las: não guarde nada volumoso nos bolsos, não use boné, não ande de moto, use relógio (ela imaginava que o relógio era algo como um marcador social que beneficiaria seus filhos). Nada funcionou. Quando nos tornamos adolescentes, inevitavelmente, as abordagens policiais começaram. Algumas truculentas, outras mais tranquilas. Obrigado pelo texto, Luís Felipe.
Triste país.
Esse seu texto, Luis Felipe, é para a gente guardar, imprimir e sair levando para os lugares públicos onde possamos lê-lo em voz alta. Obrigada por dar coluna vertebral para a discussão sobre as pms no Brasil, um fosso, um abismo, uma tragédia.
É urgente civilizar a polícia brasileira, mas não somente. Civilizar o povo que aplaude a barbarie das PaMs.
A polícia mata porque ela também vive em um constante regime de terror e insegurança. Nas periferias brasileiras, onde moram a grande parte dos policiais, dia sim, dia não, um policial é assassinado pelos "grupos que dominam as favelas", porque se o senhor não sabe, vou lhe dizer, as periferias do Brasil estão completamente dominadas pelo crime. E neste caso triste, pelo que deu pra ver na tv, não se tratou de "seletividade racial" ou "punitivismo", era um policial com medo, também morador de periferia. Ou seja, não dá pra colocar na conta do discurso racialista fácil o que acontece no Brasil. O crime hoje anda com muito poder e muito dinheiro pra matar quem eles quiserem e os primeiros alvos são policiais. O que fazer? Acabar com a polícia e entregar o povo nas mãos dos bandidos pra eles decidirem a justiça e a segurança pública como eles apregoam e fazem ao modo deles? A teoria racial é muito fraca pra responder o problema da segurança pública no Brasil.